Siga o Desprovidos!

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Desprovidos pega a estrada rumo a uma epopeia em Mafra: Operário e Brusque pela Segundona

Buenas.

Essa quarta-feira foi reservada para uma aventura daquelas sensacionais, de se por no livrinho da vida e guardar com carinho. Juntamente ao Lucas, O Cancheiro, e ao Célio, do Alambrado Brusque, fui presenciar a penúltima rodada do Campeonato Catarinense Série B na remota Mafra, que fica na divisa entre o estado Barriga-Verde e o Paraná. Na cancha do Estádio Alfredo Herbst - mais um riscado na listinha de estádios catarinenses a serem visitados -, os locais, representados pelo Operário, que não brigava por mais nada, recebiam o Brusque, na MUVUCA para o acesso à elite juntamente com outras duas equipes.

Equipes a postos para o hino nacional brasileiro (Foto: Matheus Pereira)
A epopeia começou logo após as duas da tarde, quando deixamos o território florianopolitano visando tomar o rumo norte na viatura oficial do futebol alternativo catarinense. Deixada para trás a terra dos maruins, paramos em Brusque para pegar o último representante, o apaixonado quadricolor Célio já supracitado, e subimos. Ainda paramos em Timbó, para depois ir diretamente a Mafra. O problema é que pegamos uma via DEVERAS alternativa. Em Doutor Pedrinho, num trecho bizarro de terra, pedras, caminhões fantasmas, animais estranhos atravessando na pista e pouquíssimo campo de visão. Após alcançar Itaiópolis e ele: o asfalto, mantivemos a calma, para conseguir chegar EXATAMENTE às 20 horas e 30 minutos no Alfredo Herbst.

Adentramos o gramado, mas os cliques oficiais das equipes posadas não foram autorizadas pelo árbitro da noite, Célio Amorim, que nos disse: "estão pedindo demais" - com essas palavras. Por apitar a Primeirona e ter um grau de contato bem elevado com sr. Delfim, Celinho, como é chamado, mostra que realmente crê estar fazendo um favor sendo o comandante do apito na Segundona. Enfim.

+ Curta o Desprovidos de Fama no Facebook!

Tomamos nossos lados atrás das metas esquerdas do ALFREDÃO - que cumpriu inapelavelmente as expectativas geradas por outros torcedores e jogadores de ser o pior gramado da Segundona; pura areia -, para enfrentar o frio setentrional depois de dias seguidos com o calor florianopolitano. O panorama na Segundona era O SEGUINTE: o Bruscão, que brigava com Camboriú e Atlético Tubarão por duas vagas na elite, iniciou a rodada na segunda posição. O problema é que o Peixe, terceiro colocado, teria três pontos certamente conquistados por W.O. contra o Blumenau, e quis contribuir pro próprio sucesso ao, supostamente, oferecer uma malinha branca ao Operário, que por sua vez, não brigava por mais nada.

Jogada lateral do Operário na escuridão (Foto: Matheus Pereira)
Zaga local faz corte de cabeça (Foto: Matheus Pereira)
Em meio a um BANCO DE AREIA na lateral, Cássio Lopes e Tony reclamam (Foto: Matheus Pereira)
E no jogo, que teve até um número razoável de torcedores testemunhando, o Operário demonstrou uma vontade inimaginável, reforçando os boatos de que teria recebido alguma contribuição. As equipes se igualaram um bocado no início da partida, muito embora tudo estivesse bastante concentrado na meiuca das quatro linhas. Com mais posse, o Marreco deixava a desejar na conclusão, sempre displicente; os mandantes, por sua vez, trocavam passes e pouco finalizavam, levando à ira o treinador Edmar Heiler.

O comportamento do comandante era muito refletido nos atletas do Operário, que reclamavam acintosamente com a arbitragem em todo lance, e provocavam muito os brusquenses. A primeira indagação da parte local foi de um pênalti, que teria sido cometido pelo goleiro Wanderson - mas, como eu estava do outro lado, não pude discernir. A equipe defendia com Rodrigão e Douglas Sobral na zaga, além do lateral-esquerdo-ultra-defensivo Hugão, o que guarnecia bem as metas de Charles.

Atletas FLUTUAM para dividir cabeçada (Foto: Matheus Pereira)
Chegada brusquense, com Tony (Foto: Matheus Pereira)
O esquadrão quadricolor ameaçava como podia; com Carlos Alberto, de longe, tentou, mas sem grandes perigos ao goleiro adversário. Pouco mais tarde, foi a vez de Eydison, que soltou o petardo em cobrança de falta, mas Charles defendeu com autoridade. Mesmo com bastante dedicação, o escrete mafrense foi dando cada vez mais espaços ao perigoso Brusque, que desperdiçou sua melhor chance já perto da casa dos quarenta minutos.

Paulinho invadiu extremamente ISOLADO a área, e, frente a frente com as metas adversárias, acabou isolando a finalização, levando ao desespero o exército de um homem só que defendia as cores brusquenses no Alambrado; em outras palavras, Célio, o único torcedor presente.  Ainda com os ânimos meio exaltados por parte dos atletas, o outro Célio, o Amorim, encerrou a primeira parte com o 0 a 0 reinando. No intervalo, teve jogador do Operário saindo com cãibras, demonstrando tamanha entrega por parte dos mafrenses.

Hugão foi até onde as pernas - e pulmões - aguentaram (Foto: Matheus Pereira)
Na etapa final, uma enorme cerração tomou conta dos céus de Mafra (Foto: Matheus Pereira)
Enquanto rolava o hiato entre os tempos, rolou no sistema de som do estádio a informação de que o Camboriú estaria empatando por 0 a 0 com o Hercílio Luz, em peleia que acontecia simultaneamente. Com o resultado, ao Brusque bastava uma vitória simples para, na penúltima rodada da competição, entrar no seleto grupo dos que ascendem à primeira divisão, além de apimentar a briga pela taça do torneio.

Entre o intervalo e a etapa final, também desceu uma enorme cerração dos céus de Mafra, tornando a ATMOSFERA do confronto ainda mais genial. Não era um Jaconi às 18h10 com gol de Lauro, mas era la segundona catarinense, que já é emocionante por si só, e a tremenda neblina vinha somente para enriquecer; para a parte final do segundo tempo, eu, que estava atrás do gol, mal enxergava sequer o círculo central.

Mais uma dividida pelo alto (Foto: Matheus Pereira)
Dentro das quatro linhas, quem melhorou foi o Bruscão. Muito embora a equipe sofresse com um mal que já é recorrente nessa Série B: chega tabelando perto da área, mas acaba por deixar de lado a finalização, e desperdiça grandes oportunidades dessa maneira. Quem ia à loucura era o já citado Célio, que me repetia: "tu é feliz e não sabe!". Isso devido a este que vos escreve torcer para o Criciúma, o que não é novidade para ninguém.

Entretanto, de tanto martelar, o Marreco começou a crescer em campo - e finalizar. Carlos Alberto tentou após receber de Tony, mas a bola foi longe das metas defendidas por Charles. E, na base da raça, o placar foi aberto - já aos 21 minutos. Flavinho levantou na área, Eydison tentou finalizar e foi prensado, mas a pelota sobrou para Eliomar, que acertou um misto de puxeta, meia-bicicleta e canelada na bola, e ela morreu no fundo das redes. Gol que entra chorado é sempre decisivo: 1 a 0.

Debutaram-se, então, as confusões (Foto: Matheus Pereira)
Tava mole de ver a peleia, hein? (Foto: Matheus Pereira)
Depois disso, os ânimos, que já estavam acirrados, se tornaram os protagonistas da partida. Com o futebol em segundo plano, os raçudos do Operário tentaram de todo jeito caçar alguma treta. Rincón, centroavante local, foi para cima de Neguete, que não deixou barato, se queimou e foi amarelado (foto acima). Quando o jogo se encaminhava para o fim, o Brusque buscava matar tempo, e o goleiro Wanderson conseguiu ganhar segundos primorosos a cada tiro de meta.

+ Siga o Desprovidos de Fama no Instagram!

O clima nervoso deu lugar pros cartões vermelhos já na casa dos quarenta. Primeiramente, foi para o esquadrão do Operário; Marquinho, que havia entrado aos 28, acertou um pontapé sem bola no lateral João Neto, uma legítima agressão, e foi posto para a rua. Três minutos mais tarde, foi a vez de Wellington Simião, que não ficou nem cinco minutos em campo antes de voltar ao vestiário, por acertar também um chute, por trás, no adversário.

Goleiro Wanderson caído; jogadores adversários reclamaram (Foto: Matheus Pereira)
No nevoeiro, atleta do Operário se prepara para cobrar falta (Foto: Matheus Pereira)
No fim, ambos os times ficaram com dez, e os mafrenses ainda tentaram partir para um abafa final, em vão. Apenas uma finalização mais com perigo, que não balançou as redes de Wanderson: Operário Mafra 0x1 Brusque, resultado que, aliado ao empate do Camboriú, deu a liderança ao time quadricolor na reta final do torneio. O Marreco tem 34 pontos, enquanto os dois rivais, que - teoricamente - se digladiarão pela segunda vaga estão com 33. Na última rodada, todos pegam equipes já eliminadas: Brusque enfrenta o Juventus de Seara, Cambura recebe o Porto e o Tubarão duela diante do Operário.

Depois do último apito da partida, os atletas locais, bastante irritados com a atuação de Célio Amorim, foram para cima do quarteto de arbitragem. No gramado, entrou até os policiais com seus cães ferozes, sempre usando da desproporção de julgamento. Passou-se um bocado de tempo até que os mais COLÉRICOS fossem contidos; a equipe do Brusque, que entrou na pilha do adversário também nessas cenas lamentáveis finais, desceu ao vestiário em bloco, para evitar mais tumultos.

Chegou a hora delas, as famosas: cenas lamentáveis (Foto: Matheus Pereira)
[não] precisou da intervenção policial (Foto: Matheus Pereira)
Findada a peleja, era a hora de voltar para casa daquela que foi, sem sombra de dúvidas, minha maior aventura pelo Desprovidos até hoje. O retorno foi feliz, cantando músicas de torcidas e hinos aleatórios, afinal, eu ia na mesma viatura do quórum brusquense na noite. Ainda tivemos um momento deveras peculiar, quando paramos no genial DOGÃO DO MARCÃO (delicioso e barato, mais uma das singulares dicas gastronômicas do blog, que estão sumidas mas não extintas), em Rio Negrinho, e saboreamos um dogão com o árbitro Célio Amorim e seu grupo de arbitragem.

E dá-lhe neblina! (Foto: Matheus Pereira)
Após passar por todas as localidades que passamos na ida, cheguei em casa já na largada dos bets, às 5h30. Mas encho a boca para afirmar que sim, valeu a pena tal epopeia. Conseguimos pelo menos igualar os jogos da Segundona cobertos em 2014, apesar de que eu queria ampliar em muito essa meta. Buscaremos nos fazer presentes na finalíssima, mas até lá ainda há alguma água para rolar sob essa ponte. No fim-de-semana, voltaremos nossos focos ao amador, como habitual.

Grande abraço!

Nenhum comentário:

Postar um comentário